domingo, 12 de julho de 2009

Aprender com...

Depressa se passou mais uma semana e, de novo, cá temos o Aprender com... .
Em pleno Verão (apesar de não se notar assim muito muito), nada melhor que falar de sentimentos, coisas que acontecem quando o coração palpita... Para nos falar está a Helena. Não sei bem como, "conhecemo-nos" no meio da rua e, quando dei por mim, esta menina já fazia parte de um dos meus grupos de catequese (e da minha vida). A partir daí, nunca mais nos largámos :) e nasceu uma grande Amizade. Para além da catequese, partilhamos o gosto pela Enfermagem, a mesma Escola, o mesmo ano e uma data de interesses. A conversa nunca se esgota e os sorrisos, são uma presença constante =) Muito mais havia para dizer, mas ela depois bate-me! :P Deliciem-se:


APRENDER COM...
O CORAÇÃO

Abri os olhos. Com espanto olho para o cenário à minha volta…trabalhados esculpidos com minúcia, cornucópias a deambular como ondas a enrolar na areia, texturas algo salientes mas impedidas de serem arrancadas…como poderia um simples pedaço de madeira ser convertido numa mesa tão magnífica? Talvez os seus maduros anos o tenham ensinado a manejar a navalha como que um guerreiro maneja a sua espada…Contudo, não tive a oportunidade de conhecer esse sábio…para conseguir aprender um pouco dessa mesma arte tive de aprender da maneira mais árdua – sozinha.
Por momentos quis acreditar que era um pesadelo mas, na realidade, foi muito mais do que isso…senti um embate muitíssimo grande quando acordei para o mundo lá fora…será possível a beleza do amor ser derrubada pela crueldade? [deixo a pergunta no ar…]

Quando aprendemos a esculpir aquelas formas sinuosamente suaves, somos surpreendidos com a queda inesperada da navalha, o que nos impede de continuar… porquê parar a obra quando outrora a tínhamos iniciado? É no momento exacto em que “sentimos o sabor das coisas” que perdemos esse prazer… aprendi cedo demais essa premissa: “o sábio, antes de aprender a sua arte, teve de se deixar cair e reerguer-se novamente, pois apenas desta forma conseguimos aperfeiçoar essa arte”… Aprendi que quando subimos a montanha, não devemos criar ideias demasiado idealistas pois incorremos no erro de cairmos sem paraquedas… no entanto, temos de possuir a sapiência necessária que nos permita orgulharmo-nos das nossas quedas (e rir com elas)…

No amor reflecte-se exactamente essa metáfora: no início, enquanto nos vamos conhecendo a nós próprios e ao outro, estabelecemos ideias um pouco exigentes e aí caminhamos lado a lado, sorridentes…mas quando chegamos ao cume da montanha, compreendemos que afinal aquela pessoa também tem defeitos (como nós) e algumas ideias se desvaneceram como que areia num sopro …então, pegamos na mão do outro e com um sorriso nos lábios sussurramos-lhe que não está sozinho, preparando-nos para um novo desafio - e iniciamos a descida da montanha (para depois subir outra ainda maior). Isto, meus caros, é o amor!

Amor: que palavra tão pequena mas cheia de significado…é possuirmos a capacidade de sermos guerreiros para enfrentarmos todos os contratempos juntos, mantendo-nos cada vez mais unidos, cúmplices, como que uma dupla e não como duas pessoas individualistas unidas apenas para “aproveitar a vida”. Isso a que erradamente apelidam de amor não é senão uma paixão que, tal como todas as outras (paixões), se caracteriza como leviana, instintiva, despojada de responsabilidades e sonhos, focalizando-se apenas numa sede única e insaciável de prazer; todavia, esta não traz felicidade, apenas a ilusão de temporariamente nos sentirmos preenchidos com algo que nem compreendemos muito bem o que é.

Amar é uma tarefa um “pouco” difícil pois temos de nos adaptar ao outro e o outro a nós, o que nem sempre se torna fácil…mas se existir realmente amor tudo se consegue :), porque:

“O amor tudo perdoa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.



Helena Tavares

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