Após uma fugaz passagem pela CERCI de Portalegre (Cooperativa de Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas) deparei-me, mais de perto, com uma realidade tantas e quantas vezes esquecida e encoberta: a vida dos doentes mentais. Quando nos aproximamos e nos dizem "Sou (É) DOENTE MENTAL!", qual a nossa reacção?? Fugir, deixar de falar, desprezar: são tudo opções... O mais giro é que muitas vezes engaiolamos estas pessoas, social, física e moralmente.
É mais que evidente que não importa apenas administrar fármacos com nomes complicados e estruturas moleculares complexas. Apesar da aparente diferença, um doente mental é uma pessoa normal, na sua génese: tem sangue igual ao nosso, dores semelhantes, sofre tal qual como nós... No Mundo em que vivemos, muitas vezes, não centramos a nossa atenção nos sentimentos e nas emoções de cada pessoa que vive à nossa volta e ficamo-nos apenas na “embalagem” que nos é dada a conhecer. A doença mental não tem raça nem cor, não tem sexo nem estrato social, vive ao nosso lado e é constantemente incompreendida. Voltamo-nos apenas para a compreensão de acordo com a nossa realidade e fechamos as portas da liberdade àqueles que, apresentando discrepâncias em relação aos padrões aceites socialmente, têm muito para nos ensinar na diferença. Como afirma, decisivo, Augusto Cury (em “A Saga de Um Pensador”, 2005), Não há um normal que não seja anormal nem um anormal que não seja passível de ser um mestre.
Precisamos de gente que se dê à causa dos doentes mentais, que não tenha medo de se alimentar da diferença “do ser diferente”, de quem exiba com orgulho as insígnias da compreensão e do respeito, do apoio e da humanização. Precisamos de dar voz a quem é vítima da exclusão e prestar mais atenção aos pormenores e comportamentos de quem nos rodeia: a doença mental não tem vacina. Serve-se dos olhos atentos, do coração quente e da escuta activa… Mais do que prestar cuidados, mais que ter a teoria na ponta da língua, o importante é a caridade.
Apesar de tudo, importa não esquecer e reconhecer os limites da luta contra a psicose, procurando evitar saídas exageradamente ambiciosas para os doentes mentais. Este caminho é uma forma de evitar que o doente se enterre numa sucessão de fracassos que só viriam a acentuar as suas limitações, ocultando as suas possibilidades e fazendo-os mergulhar de cabeça na convicção firme das suas insuficiências.
Amor, Carinho, Tempo, Sorrisos, Atenção, Escuta, Respeito e Compreensão – parte da receita para um Mundo melhor, na igualdade da diferença.
Gostei muito do teu blogue! Parabens!!
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