Onde está o Votante?

Após alguns dias de reflexão sobre os resultados decidi finalmente, em dia de Portugal, de Camões e das Comunidades (que é tudo menos isso!!!...) abordar um assunto sobre o qual muito se tem dito e escrito nos últimos dias: Europeias 2009. Afinal, o que aconteceu?! Por acaso a informação de que fomos TODOS convocados para ir às urnas não chegou a seis milhões de portugueses? Encontrar um votante foi quase como encontrar o Wally! (Lembram-se daqueles livros em que havia sempre um bonequito vestido de vermelho às riscas brancas,"perdido" no meio de multidões? É mesmo essee!)

Numa palavra, DESINTERESSE.

Quantos são os portugueses que sabem o nome de pelo menos cinco eurodeputados? Quantos portugueses sabem onde se localiza a sede do Parlamento Europeu? Mas a culpa não é só deles! Que raio de campanhas eleitorais foram estas?! Conta-se pelos dedos de uma mão as vezes que a palavra "Europa" foi referida nos discursos. Somos parte de uma Europa doente... A responsabilidade deverá ser compartilhada: pelos partidos e quem integra as suas fileiras, pelos governos nacionais que pouco (ou nada) fazem para que nos sintamos cidadãos europeus e, também, pela comunicação social que conseguiu destruir com quantas e tamanhas mesquinhices esta soberana oportunidade de nos debruçarmos sobre o projecto europeu.

No que respeita a resultados, a enormíssima e imponente vencedora foi a abstenção!!! Ganhou com maioria absoluta, roubando o lugar de destaque ao governo de José Sócrates. Foi um combate em que o PS saiu totalmente espancando sem sequer haver pancada. [Transformámos as europeias em legislativas...]. Quanto a mim o problema esteve na "escolha pessoal de Sócrates, Vital Moreira". Senhor Vital Moreira, onde ficou a empatia? "Ladra, ladra, mas não morde". Muito disse embora poucas palavras tenha acertado. Na maioria, limitou-se à repetição, tal como Ilda Figueiredo. Já Paulo Rangel, com os seus pupilos da JSD, começou quase como "peso-morto" dentro do partido e acaba como "homem-forte". Conseguiu cativar o público com os sorrisos nas arruadas e, resultado: muda-se de armas e bagagens com a armada laranja para Bruxelas. BE, PCP-CDU e CDS-PP, é sempre a somar: 3, 2, 2. Mesmo com um deputado in extremis, o Bloco teve uma subida fulgurante e começa a ter algum destaque... Teremos Francisco Louçã como próximo primeiro-ministro?!? Provavelmente não, mas aposto numa reviravolta à esquerda deste país "centro-qualquer-coisa". Em sexto lugar, ficaram os votos nulos e em branco. Palavras para quê? Está tudo à vista...

Uma palavra ainda para o Movimento Esperança Portugal (MEP), estreante nestes lides: com pouco mais de dez mil apoiantes no início, chegou aos cinquenta e alguns mil votos. Para quem está a começar, tal como o BE há dez anos atrás, nada mau! Parabéns. Há ainda que felicitar o Movimento Mérito e Sociedade pela coragem e a vontade de endireitar o barco... Precisamos de mais gente assim, que encabece novos projectos, que tenha novas ideias, pessoas que dão "o corpo ao manifesto". Na Política portuguesa, parece-me que muita coisa se foi perdendo, mas o comodismo, esse, cresceu desmedidamente.

Muito se leu, muito se disse! No entanto, fica-me uma dúvida: quais os resultados práticos desta votação?? Falava Eduardo Pitta em "Sinais muito preocupantes", dizia Daniel Oliveira que "A Culpa é Nossa". Já eu, fiquei com dúvidas. Serão mesmo os resultados preocupantes? O que vai mudar? Seremos mais ou menos Europa?? Qual o impacto das Europeias na nossa vidinha-cá-de-dentro?

Respondam-me os entendidos, os muitos que para aí há...