terça-feira, 29 de dezembro de 2009

No...

“Devias ter vindo comigo ao H, para ver se te passa essa melancolia estéril…”

Palavras sábias, da boca de quem sabe das coisas e conhece profundamente as pessoas. Vai daí, pensei que mesmo sem sermos parte das equipas multidisciplinares de saúde, muitas são as situações e ocasiões em que precisamos de ir ao hospital e, quase sempre, por maus motivos: porque estamos doentes ou porque vamos visitar pessoas doentes que nos são queridas… A primeira ideia que temos de um hospital é a de um lugar triste, escuro e sombrio, associado a muitas máquinas vitais para a continuidade da vida e, no fim de tudo, à morte.

Para mim, um Hospital é muito mais que isso! É um lugar de esperança, de alegria e, sobretudo, de gestos de amor:

Quem não se sente com outro ânimo quando o médico lhe diz que há tratamentos para curar a sua doença ou dos que lhe são mais queridos?

Quem não vê as coisas de outra maneira quando ouve “Ainda podemos fazer isto…”?

Quem não é tocado pelas difíceis situações que se vêem viver sem nunca desanimar?

Quem nunca chorou por ver chorar? (não necessariamente de tristeza!)

Quem não se sente útil quando partilha tempo, conversas, sorrisos…?

Quem se vê realizado por fazer alguém feliz com a sua presença?

Quem nunca viu gestos concretos de amor de pais para com filhos e de filhos para com pais?

Quem nunca assistiu a momentos ternurentos, mesmo em situação de doença?

Permito-me arriscar que TODOS SEM EXCEPÇÃO.

Sempre que entro num Hospital tenho uma enorme sensação de pequenez e de insensatez, qualquer coisa que me faz pensar que tudo é relativo e que não vale a pena andarmos com mesquinhices e leviandades uns para com os outros… A vida é tão efémera, caramba! Saio sempre a pensar no porquê, “Porque é que perdemos tanto tempo com pequenos nadas em vez de dar importância ao que é realmente importante e essencial?!”. De todas as vezes (que já foram e hão-de ser – enquanto enfermeira – muitas), nunca encontrei resposta…

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